quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Go with the flow

Não é fácil definir um rumo para a vida. Ou objectivos a longo prazo.
Eu já não o consigo fazer.
Há 10 anos, quando comecei a trabalhar após a faculdade, tinha tudo muito bem estruturado na minha cabeça.
Queria trabalhar num banco na parte dos mercados financeiros ou numa consultora em análise de projectos.
Queria ter estabilidade financeira para casar com o meu namorado dessa altura (agora meu marido).
De seguida, trabalhar, trabalhar e trabalhar no duro para ser reconhecida profissionalmente e subir na carreira profissional.
Depois queria ter filhos. Mas esta parte assustava-me um pouco e tinha delineado que iria adiar algum tempo. 4 anos após casar... Aí pelos 30 anos.
E depois continuar a dedicar-me a uma carreira e continuar a "amealhar" para ter a minha sustentabilidade financeira a longo prazo.
A nível de saúde, seria sempre de ferro. Nada me atingiria.
Isto era o meu porto seguro. Tudo isto. Saber o que me iria acontecer, dava-me segurança.
É como quando estabelecemos as rotinas aos nossos filhos e isso dá-lhes tranquilidade e segurança. Saber o que vai acontecer depois e depois e depois.
Eu não era diferente.

Agora sou.
A vida ensinou-me que nem tudo é tão fácil, nem tudo é tão complicado.
A vida não é definitivamente um único caminho, onde vamos picando o ponto pelos planos traçados. Apesar da nossa força de vontade fazer muita diferença, nós não controlamos o mundo nem o que nos vai acontecer. A vida é uma inconstante. É uma mudança a cada esquina. A cada pegada.
E não foi diferente comigo.

Levei algumas boas lições da vida para aprender que aquilo que julgamos ser melhor para nós, às vezes pode não ser.

Fui trabalhar num banco, mas na área comercial. Saí passado um ano e mudei para uma empresa dedicada a constituir e a ajudar novas empresas. Foi o melhor que me aconteceu, digo eu, porque só consigo comparar com aquilo que na altura eu desejava. Fui na mesma reconhecida profissionalmente e subi na carreira dentro do Grupo. Atingi o objectivo, mas de forma totalmente diferente do que tinha delineado.
Tive o 1º filho. Sem ser programado, muito antes do que tinha definido. Foi o melhor que me aconteceu, digo eu, porque só consigo comparar com aquilo que na altura desejava.
Continuei a dedicar-me a nível profissional, mas as prioridades a certa altura começaram a inverter-se. Não sei muito bem em que exacto momento. Talvez na gravidez do 2º filho. Neste momento não consigo subir mais na carreira onde estou. Não é minha pretensão igualmente fazer grande carreira profissional noutro local. E isto também, neste momento, parece-me ser o melhor que me aconteceu, digo eu, porque só consigo comparar com aquilo que na altura eu desejava.
Quanto à minha saúde, pois. Foi de ferro até quando pôde. Mas depressa apresentou-se "minha amiga, viver uma vida de ansiedade, stress e de sobrecarga não é bom... não, não é! Por isso, toma lá com a PTI. E quem manda sou eu!" Foi o melhor que me aconteceu, digo eu, porque só consigo comparar com aquilo que na altura eu era.


Fora isso, estou como quem diz, "um pouco à deriva". Sem saber muito bem o que me vai acontecer. Não sei onde estarei profissionalmente daqui a 1 ano.
Tenho sonhos? Desejos? Tenho, embora muito pouco claros ainda.
Mas não tenho certezas sobre o que me vai acontecer daqui a 6 meses, sequer.
Estarei na mesma casa? Terei o mesmo carro? Sei lá. E não me vou desgastar a pensar no assunto.



É a atitude mais correcta? A vida ensinou-me até agora que há momentos em que temos mesmo de deixar tudo fluir. Tenho a certeza que tudo irá encaixar-se algures. Tal como tudo até agora.
Aos poucos e, em pequenos pormenores, a vida vai começando a revelar o seu caminho. Às vezes não forçar é o melhor a fazer.
Só por hoje, confio.





2 comentários:

  1. Revejo-me no que escreveste... com a chegada do primeiro filho, agora do segundo, a carreira... a saúde... a vida sem dúvida tem-nos dado desafios... mas são esses que tornam a vida interessante e nos fazem crescer... cada dia mais :)

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  2. É verdade que nunca nada corre como planeado... Mas isso não é necessariamente mau :) E não é preciso sofrer com antecedência :)

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