Criancas na cama. Sento-me no sofá. E penso como sou sortuda. Tenho as minhas crianças maravilhosas, tenho um apartamento bom, tenho um emprego instável mas que ainda sobrevive, tenho um marido ausente há muito tempo por circunstâncias temporárias (espero) mas que é único no mundo, tenho a minha família (ainda que alguma longe), tenho saúde suficiente (a PTI é um passarinho comparado com doenças graves) e tenho saúde mental (embora as vezes pareça que fique sem ela:)). Sou uma sortuda.
Por outro lado, apesar de ser uma sortuda, tenho as minhas lacunas que gostava um dia de preencher. Não sei falar muito de política (tenho os meus 10minutos), não tenho habilidades próprias e dignas de referência (aprendi piano durante uns 10anos mas nada que me leve a ter plateia), não tenho a chamada "mão para a cozinha", nunca me deixaram aproximar muito dos tachos pelo que depois de casada e com filhos tive de me ir desenrascando e queimando muitas vezes (sexta passada deitei um bolo ao lixo de incomestivel que estava), não tenho de todo o dom da palavra e da comunicação (ainda hoje fujo de qualquer situação em que tenha de apresentar algo para mais de 2 pessoas), não tenho assuntos interessantes para expor, não tenho uma vida social muito activa para conseguir ter muitos amigos, nem sequer assunto para escrever num blog:).... Não tenho uma vida extraordinária nem sou uma pessoa cheia de habilidades, mas tenho o meu canto onde sou o que sou. Onde sou grata por tudo o que tenho. E dou o meu melhor. E dando o meu melhor com generosidade e despretensiosamente (existe?) recebo o melhor dos outros também. E o meu melhor do dia são as minhas crianças fantásticas que nunca falham quando me mostram o seu melhor, todos os dias. Posso não ter grandes habilidades e não ser boa em muitas coisas, mas sou excelente na dedicação, paciência, esforço e amor que dou aos meus filhos todos os dias, nós os 3.
Sou uma sortuda!
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