quarta-feira, 2 de abril de 2014

O amor em crise

Esta semana vi o programa Prós e Contras sobre o Amor em Tempo de Crise.

Eu acho que o Amor está em crise, e não foi o tempo de crise que o colocou lá.

Vi o casal inspirador que lá se encontrava. 50 anos de casamento. 100% de convívio um com o outro, dado que trabalhavam juntos. Hoje mantém-se felizes e "apaixonados", naquele amor cuidado, carinhoso e preocupado. Conseguiram sobreviver a todas as crises, a todas as discussões, a todas as tristezas e mantiveram-se unidos até hoje. É de louvar, sem dúvida.

Então porque hoje em dia metade dos casamentos dão em divórcio?
Eu acho que antigamente as funções de cada um num casamento estavam muito bem divididas e eram aceites por todos (a sociedade assim o ditava). No entanto a sociedade foi mudando, as mulheres quiseram outras funções na vida, a sociedade viu como eram excelentes e começou a exigir mais:)

E vamos ser realistas. Ok, maior parte dos casamentos duravam mais tempo, mas creio que nem todos seriam felizes. As traições eram aceites de forma diferente, as mulheres viviam para os filhos e contentavam-se com eles, eram muitas vezes subordinadas e sujeitavam-se a violência psicológica. Estavam igualmente dependentes económicamente do marido...

Hoje em dia, nós mulheres, não estamos para aturar metade do desleixo deles e nem precisamos.
E, eles os homens, também não estão para aturar as nossas neuroses e pronto.
Estamos todos mais independentes uns dos outros e, por isso, sujeitamos-nos menos a determinadas situações.

Por outro lado, também somos muito mais preguiçosos, muito mais rabugentos, menos pacientes, acreditamos que as pessoas mudam para se moldarem ao perfil que queremos (e não é verdade), somos muuuuuuuuuuuuito mais exigentes (e não precisaria ser assim se aceitássemos o outro)....

Sinto que maior parte de nós anda sempre numa critica ao outro, quase não conseguindo sair desse circulo. Sinto que há muita falta de comunicação. Fala-se de pé, a correr, a tropeçar, sem tempo, sem parar para discutir um assunto. Eles não têm paciência, elas não param de disparar... E os filhos, bem os filhos não ajudam definitivamente em nada.

Não deveria ser assim, pois não? E não me parece que isto esteja relacionado com a crise económica. Mas sim com uma crise enquanto seres humanos, falha de comunicação connosco, falta de tempo connosco (somos bombardeados a todo o tempo com a televisão, o iphone e facebook, etc...), parar, respirar e olhar em volta. As coisas tomam uma outra dimensão. E muitos problemas deixam de fazer sentido.
Acho que andamos todos um pouco desnorteados, num turbilhão de acontecimentos diários, de abordagens virtuais, de tarefas sem fim,... Muitos sem objectivos.

A crise está em nós, enquanto seres individuais, e assim sendo, nunca conseguiremos ter um bom relacionamento enquanto não estivermos resolvidos connosco e enquanto não pararmos para nos ouvirmos de vez em quando.

Há muitos casos de sucesso e de amor/cumplicidade/companheirismo invejáveis, mas em meu redor, vejo muito mais o oposto.

Um comentário:

  1. Lembrei-me por causa do título do "amor em tempos de cólera" :P
    Eu acho mesmo que é só a flexibilidade da definição... Por exemplo, numa situação, é possível que anteriormente se aguentasse (o que não quer dizer que não estivesse mau) e hoje em dia não, como dizes :) O que, digamos, não é mau...

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